segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós

A Cantiga da Ribeirinha é o texto mais antigo escrito em português arcaico ou galego-português. Datada de 1189 ou 1198  - final do séc. XII - Segundo consta, foi dedicado a D. Maria Paes Ribeiro - apelidada "A Ribeirinha", amante do rei D. Sancho I - e pertence a uma coleção de textos arcaicos denominada Cancioneiro da Ajuda.

"No mundo nom me sei parelha,

 mentre me for' como me vai, 

ca ja moiro por vos - e ai 

mia senhor branca e vermelha, 

queredes que vos retraia 

quando vos eu vi em saia! 

Mao dia que me levantei, que vos enton nom vi fea! "

"E, mia senhor, des aquel di' , ai!  

me foi a mim muin mal, 

e vós, filha de don Paai 

Moniz, e ben vos semelha 

d'aver eu por vós guarvaia, 

pois eu, mia senhor, d'alfaia 

nunca de vós ouve nem ei 

valia d'ua correa". 

"No mundo ninguém se assemelha a mim / enquanto a minha vida continuar como vai / porque morro por ti e ai / minha senhora de pele alva e faces rosadas, / quereis que eu vos descreva (retrate)  / quanto eu vos vi sem manto (saia : roupa íntima) / Maldito dia! me levantei / que não vos vi feia (ou seja, viu a mais bela). 
E, minha senhora, desde aquele dia, ai / tudo me foi muito mal / e vós, filha de don Pai / Moniz, e bem vos parece / de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupas luxuosas) / pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi / algo, mesmo que sem valor."

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